O
problema português não foi em nada semelhante ao problema dos EUA com a China
que levaria à perda de milhares de milhões de investimentos chineses. Este
aspeto é verdadeiramente uma das maiores causas do fiasco político-financeiro
português dos últimos anos, resultando num aumento enorme do défice e no
anúncio de pré-bancarrota por idiotas como o Sócratas. O BPN era um banco sem importância que deveria ter
falido, tal como faliu o Lehman Brothers. A impossibilidade de falência pôr-se-ia se
houvessem jogos escondidos como fosse o caso do banco funcionar como banco de
investimentos-sombra para a Segurança Social ou como instrumento de fuga e
lavagem de capitais para personagens do conhecimento público, o que foi
desmentido pelo ministro das Finanças. A História revelará a razão da
precipitada ajuda de Sócrates ao banco português que possuía uma quota mínima
no mercado rondando os 2%. Quantos políticos para além de Duarte Lima, Cavaco
Silva, Armando Vara e Dias Loureiro tiveram negócios com o BPN que desenvolvia
uma estratégia de criminalidade organizada? O que é que foi posto a salvo à
custa dos contribuintes portugueses? Se a injeção de capital serviu para
recuperar os dinheiros em risco da Segurança Social ou de outra instituição
pública, então o contribuinte pagá-lo-á duas vezes, a segunda sob a forma de
dívida com juros, uma vez que o capital injetado proveio da Troika e o inicial se evaporou ou foi
saindo do país para agências de investimento americanas com sede em offshores, onde foi dar a longa volta
habitual até desaparecer a origem do capital em circulação.
A
Troika adiantou o pagamento do
desfalque, os balanços equilibraram-se apressadamente e o banco foi vendido ao
desbarato, pondo fim a uma gestão ruinosa e fraudulenta de todos os envolvidos.
O assunto foi varrido para debaixo do tapete das instituições políticas. O
relatório final da comissão parlamentar de inquérito ao BPN passou com a
aprovação e a abstenção de todos os partidos com a exceção do Bloco de
Esquerda. O admirável mundo português tranquilizou-se.
A
ajuda de cerca de 4,2 mil milhões de euros dos 12 mil emprestados pela Troika desapareceu, os gestores foram presos
e alguns ilibados de culpa. Interesses económicos sobrepuseram-se de novo aos
interesses da democracia. Devido à centralização do aparelho estatal as
decisões foram tomadas por muito poucos responsáveis no topo da hierarquia
política e foram apagadas do quadro das asneiras. Business as usual? Certamente! O contribuinte vai pagar biliões de
euros nos próximos vinte anos sem nunca lhe explicarem a razão da dívida feita à sua
revelia. O povo português foi alvo de banditismo institucional e a justiça não
agiu com a celeridade necessária. Portugal deixou de valer a pena para
investidores honestos nacionais e internacionais. Lá continuam a ir cantando e rindo, aparvalhados.