Durante
as últimas três décadas os sucessivos governos levaram o país à falência por
desleixo e excesso de autoconfiança e em 2012 o governo português é o mero
administrador de uma insolvência arrastada. Fez muito pouco em termos
legislativos, tenta abolir o que já estava feito, vender o que resta ao
desbarato e a deixar a população numa precariedade social e pobreza colectiva
que começa a ser desastrosa.
Em
termos fiscais ultrapassou o que em economia se classifica como maximização do
lucro. Quanto mais impostos decide mais empresas abrem falência e mais gente
perde o emprego. O resultado desse desemprego não só aumenta a despesa do
Estado com os fundos de desemprego como diminui as receitas de Estado em
contribuições. Paralelamente o consumo cai e as poupanças diminuem, gerando uma
recessão. No seu limite, gera-se uma deflação em que se vende a produção abaixo
do custo, para amortizar investimentos e preparar a falência. O efeito dos
impostos crescentes passou a ser um derivado tóxico de uma política enganadora.
É necessário pedir ao estrangeiro com juros elevados o capital que falta ao
Estado para assumir os seus compromissos e capitalizar os bancos, que não
possuem dinheiro de poupanças suficiente para fornecer novos créditos ou cobrir
os mal parados. Esta situação aponta para o facto de o governo ignorar um princípio
político importante: a sociedade só paga impostos enquanto os puder pagar, faça
o governo as subidas que quiser com essa medida (subida de impostos) que é a
mais simples para obter uma capitalização rápida, mas é a mais desastrosa.
O
método da maximização dos impostos não funciona a não ser na criação da
recessão e de uma economia paralela adjacente que em 2012 atingiu os 23% do
PIB. O Estado gasta acima das suas possibilidades e recebe menos comparticipações,
enquanto a fuga aos impostos passa a ser uma actividade crescente de
subsistência. Quanto mais a economia paralela aumentar menos necessidade haverá
de um Estado que a não controla. O exemplo são as circunstâncias que se
observam noutros estados onde os governos não encontram soluções e só subsistem
por intermédio de corrupção o que já acontece nos países do sul da Europa
Comunitária como a Grécia, Chipre, a Roménia e a Bulgária.
Antes
de a banca provocar a crise com que nos debatemos desde 2008, os contribuintes cumpriam na sua generalidade as suas
obrigações, pagavam os impostos e as prestações dos créditos à habitação e ao
consumo, apesar de alguns incumprimentos que acontecem em qualquer modelo de
endividamento. O sistema funcionava e o próprio Estado aliou-se à banca,
contraindo créditos para projectos regionais de prestígio. O resultado é o
endividamento generalizado das autarquias, consequência da construção de
pavilhões desportivos e multiusos, de piscinas e outros equipamentos que
poderiam esperar, enquanto se criassem escolas de formação profissional. Juntam-se-lhe os parques industriais, alguns
em zonas rurais e por isso vazios, rotundas, requalificações urbanas supérfluas
ou a aquisição de certos equipamentos que poucos sabem usar. Quem beneficiou
foi quem os mandou construir e quem os construiu quantas vezes com derrapagem
nos custos. Quem os pagou foi o erário público.
O
resultado foi uma desestabilização mais acentuada do sistema financeiro que
entretanto resvalou para o abismo. A banca passou a financiar o despesismo
estatal financiando projectos necessários para apresentar trabalho político
necessário a ganhar eleições. Foi também o início das parcerias. Criou-se o
empreendedor político não produtivo, o parasita partidário e o empresário que
lhe financia o partido pela porta das traseiras. Gastou-se o dinheiro dos contribuintes sem haver
meios de o repor. Apareceram os estratagemas económicos encobertos pela banca
como se viu por exemplo na Grécia. A Goldman Sachs arranjou expedientes para
este país entrar fraudulentamente no Euro. O resultado é visível. A Goldman
Sachs ganhou milhões com a negociata, o Estado grego afundou-se, boa parte da
população grega passa neste momento fome, o futuro da juventude grega foi
adiado ad infinitum. Portugal segue, com um ano de atraso, as pisadas gregas. Indivíduos
bem situados na vida discutem o problema na Televisão às segundas feiras e acabam
a discussão galhofeiramente com um: “Não há de ser nada.”
Só
uma reforma do sistema político poderá pôr a médio e longo prazo fim a esta situação. Essa reforma é
obrigatoriamente uma Reforma Federalista em que todos os partidos estarão
representados, mas não de maneira monopolista. Os partidos revelaram-se como
incompetentes e tal como numa turma de alunos hipócritas, têm de ser
distribuídos por unidades mais pequenas para serem mais disciplinados e
transparentes.