13/05/2013

Governam-se e deixam-se governar pela Europa

As chefias governam no próprio bolso e deixam-se governar por estrangeiros, pondo fim ao triste boato de que somos uma nação com uma forte vontade própria.
Portugal desenvolveu-se na História e governou-se como Estado sempre que se processaram reformas radicais na sociedade portuguesa, desde a tradução para português da Lei das Sete Partidas ordenada por D. Dinis, estabelecendo a base do Código Civil Português, passando pelas Ordenações, as Reformas Pombalinas e outras mais modernas, até se chegar à Constituição atual. (Para os críticos do pombalismo diga-se que a introdução da Real Mesa Censória deve ser analisada à luz da realidade da época e no contexto de uma mal entendida soberania estatal absolutista). Foi negativo Portugal não ter recebido a influência do movimento reformista de Calvino e Martinho Lutero e se ter recolhido debaixo do judaico-cristianismo envolto em brocado e veludo, pondo os olhos na pompa religiosa que julgava enriquecê-lo. Nesta época Portugal foi governado por reis  de fraca figura que acabaram por entregar o reino aos espanhóis para 60 anos de miséria. A Inquisição fechou a Península Ibérica a qualquer influência progressiva europeia. A filosofia cristã assumia-se em “Autos da Fé”  no Rossio e no Terreiro do Paço, excitando a população papalva que acorria para assistir ao incendiar de seres humanos na praça pública. Antes da morte eram torturados e espoliados (tal como os nazis fizeram aos judeus) pela Igreja Católica para a qual tudo o que fosse novo era blasfémia, heresia. O nomenclatura política silenciosa revelou-se como cúmplice, aliando-se primeiro aos Filipes e assumindo depois  a independência como descargo de consciência. O meio-espanhol D. João IV foi obrigado pelos revoltosos a colocar a coroa na cabeça. Por sua vontade Portugal ficaria subjugado ao reino de Espanha e ele viveria na mesma pompa dos Filipes. O rei manifestou- se abertamente como cobarde e por pouco não foi assassinado. A sua mulher natural da Andaluzia revelou-se como sendo mais “portuguesa” do que este reizinho feito à força.
Portugal foi direta ou indiretamente, após as dinastias dos Filipes e dos Braganças, governado por potências estrangeiras, espanhóis, ingleses, franceses ou então por ditaduras militares de conveniência. Economicamente revelou-se como um acumulador de bancarrotas. Politicamente o Estado português é desde 1640 um Estado obrigado a encolher-se com o peso da subserviência a tudo o que está um degrau acima. E, a escada é enorme nessa subida.
A atual governação, alternando entre uma direita fascista liberal e um centralismo difuso, sem rumo definido segue diretrizes económicas estranhas aos interesses nacionais e à integração europeia. Os executivos parecem estar sobrecarregados com o próprio  fraco desempenho.
“Não se governam nem se deixam governar”. A frase atribuída ao romano Servius Galba é um mito que nos mantém pensando sermos indivíduos com honrosa autodeterminação quando na realidade defendemos o inimigo e nos orgulhamos disso. O general romano de quem se diz ter proferido a frase de que nos orgulhamos, só quis com a declaração menorizar um massacre traiçoeiro aos lusitanos que foi necessário, segundo ele, por suspeitar estar em marcha uma revolução das comunidades lusas contra Roma. Viriato salvou-se da desgraça por sorte e continuou a liderar a nação, ficando na Historia. Se liderou, então também governou. Mas, Portugal era já nessa altura uma periferia, um resto… da própria Lusitânia. Viriato vivia em Espanha e veio à Lusitânia um par de vezes. Aliás o homem quando foi morto à traição pelos próprios lusitanos teria somente 40 anos.
Portugal é ainda governado por instituições monetárias internacionais numa Europa a que pertence e a quem paga para isso. Por se orgulhar de ser um bom aluno não lhe cortam a dívida como fazem aos gregos, os mais mal comportados da turma União Europeia. A governação é fraca. Portugal está reduzido a uma insignificância internacional., tolerado ao fim da mesa enquanto pagar adiantado pelo jantar.Senão regressa à porta da cozinha.
Os chefes políticos de hoje em Portugal passarão à História como más caricaturas ridículas (veja-se esse Cavaquito) que tentaram ser grandes estadistas, mas a quem faltou a grandeza humana e o carisma dos grandes líderes europeus da segunda metade do século XX. Os grandes da Europa no século XXI devem brilhar pelo seu poder económico e não pela mão estendida de patos bravos.

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