A Europa fez muito por Portugal. Que fez Portugal
pela Europa, para lá das poucas participações nos debates do Parlamento Europeu
e na organização de eventos? Fez compras.
Em vez de comprar equipamentos para produzir o
que a Europa precisasse, comprou tudo feito e deitou-se numa qualquer praia
desse Mundo que ele diz ter descoberto e que já não lhe pertence, adormeceu e
acordou tarde. Reparou então que se encontrava em degeneração financeira evolutiva.
Fazer-se-á aqui nas próximas mensagens uma avaliação
dos benefícios e dos contras resultantes de uma hipotética regionalização de
modelo federativo e cooperativo tendente a restaurar as instituições e os
hábitos democráticos. Esta restauração impõe-se na presença de um empobrecimento
generalizado devido às características timocráticas de um sistema político
piramidal apoiado numa economia de mercado desregulada.
O
problema não é só português. Está a acontecer noutros países europeus afetados
pela crise financeira e principalmente onde existem grandes administrações públicas
centralizadas. É o caso da Itália e da França. Seguem-se outros países da moeda
única como a Grécia, a Espanha e a Irlanda. A própria Grã-Bretanha não
pertencendo ao espaço euro debate-se com o problema de alto défice, desemprego
e baixo crescimento económico.
Os
países com sistemas federais ou descentralizados mostram estar em melhor
posição para enfrentar a crise financeira. São exemplos a Alemanha, a Áustria,
a Suíça e a Holanda, a Bélgica e o Luxemburgo, estes últimos fazendo parte da
união denominada Benelux.
É
necessário sair do marasmo em que as governações lançaram o País e que se
sucedem desde a reforma política de 25 de Abril de 1974. Usando a fraude
política e minando a democracia em desenvolvimento, estas governações
conduziram Portugal à pobreza económica e social. Fala-se bastante em regionalismo,
mas não há vontade política para o instituir. Regionalismo é sinónimo de
Federalismo, se for cooperativo. Um Federalismo Cooperativo acabaria com parte
do desgoverno institucional sistémico a que se assiste em Portugal. O "socialismo" português iria à vida.
Não
estamos a tratar com uma descoberta de última hora, mas com uma tendência
política portuguesa que nada tem de utopia como os críticos do Federalismo a
classificam.
A
questão federalista começou a ser discutida intensamente em Portugal no início
do liberalismo, depois na 1ª República, acabando por desaparecer com o regime
de Estado totalitário que impôs o unitarismo fascista. No séc. XIX e XX o país,
por ter um regime colonialista mal organizado com objetivos imperialistas pouco
definidos, diferenciava-se dos países que assumiram o sistema político
federativo. O analfabetismo generalizado impedia a sociedade portuguesa de ter
uma discussão política para além do discurso populista que se ouvia nas tertúlias
ou à mesa das baiucas e cafés da cidade.
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